carregando...
fomos.
até me parecer mais que suficiente,
até eu ver que já não éramos
e duvidar que eu era
– mas eu era.
se viermos a ser
somos
de novo
gostava muito que não parecesse jamais suficiente
pra não se esvair aquele quê
insatisfeito, ausência-vazio
cujo esgotamento-preenchimento
nos levaria ao fim.
o amor
que se projeta
que se idealiza
que se dissolve
depois de transbordar
o amor
que se aprende a dar
de alguns jeitos
pra algumas pessoas
que alimenta expande vibra
peito arfante
pelos no contrafluxo
pulsando
esse amor é seu.
está em você.
não se acaba, se transporta
move-se corredeira, córrego, rio, mar
pode até secar
mas é seu
é nosso.
o amor é sempre nosso
sempre nosso.
os outros...
são outra história.
aguardei por muitos dias
uma mensagem sua.
no dia em que eu soube que
tanto fazia se ela chegaria ou não,
vi o mundo sob outra ótica
não era questão da mensagem vir,
nem mesmo de seu conteúdo
era sobre a minha espera:
o que eu estava esperando
nunca chegaria com você.
bom mesmo foi chegar
em mim mesma
– e gostar.
no momento
em que a onda
que-
bra-
da
se choca contra a areia
e se esparrama pelo chão à sua frente
eu a observo:
peito aberto
tête-à-tête
nesse momento,
por um instante,
nossos segundos
se encontram
(nossos segredos, também)
seus respingos me tocam
o ar que ela movimenta me sopra
posso ver lá dentro
(como se a janela de uma casa acolhedora
pela qual, da rua, se vê
quadros, poltrona
uma luz amarela ao lado da planta,
de repente te convidasse pra entrar)
um instante e posso imaginar
toda a minha vida ali.