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Mirada Poética

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poesia

prontidão

17/08/2021 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em prontidão

raiz forte
firme pra não despencar

pronta pra chacoalhar
pronta praquele próximo momento

mesmo sem se sentir pronta, pronta.
exatamente por não se sentir pronta, pronta.
jamais irretocável.
graças.

 

(poema publicado no livro Tremores Nômades e Fortes)

tempestade

14/03/2018 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em tempestade

http://miradapoetica.com.br/wp-content/uploads/2018/03/IMG_2522.mov.mp4

tempestade

está tudo bem!
me convenço,
logo ali quando veio o medo.

pode tudo chacoalhar?
como se alguma vez tivesse sido imóvel
como se fosse possível tudo chacoalhar

desacreditei
da minha serenidade
mesmo que fosse fresca
mesmo chegando após o pânico

hesitei
diante do êxito
exitei
diante da hesitação
temi o medo
tive medo de mim

respirei.
suspirei.
inspirei.

a sensação de falta de ar
é, às vezes, excesso.

soprei pra longe
as nuvens
sob as quais devia ter me banhado

porque temer a tempestade
se ela também passará?

 

<poema do livro Tremores Nômades e Fortes (2019)>

concretude

concretude

13/03/2018 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em concretude

lentamente
o que causou tanta pressa
e ansiedade
acontece.
agora.

tanto medo
tantas dúvidas
tantas elucubrações

até que o concreto
se interpõe
quando já nem se pensava naquilo

e nada como a concretude
dos fatos
pra concretizar também
os sentimentos

lentamente
tudo muda
inclusive o que é o tudo

e você se dá conta
que lentamente é algo
que talvez
não exista.

e muda de medos.

<poema do livro Tremores Nômades e Fortes (2019)>

incêndio II

como o incêndio descontrolado,
a angústia dolorida
devasta
e gera espaço,
fertiliza o terreno.

um espaço aberto
é prazer pra umas,
pânico pra outras.

o que será?
como será?
por que não é mais?

mesmo que nunca seja mais
como foi,
depois do incêndio
parece, ainda mais,
que nada será como antes.

e no espaço vazio
de algo que já foi antes,
tudo pode ser.

inclusive o mesmo,
ou a tentativa do mesmo.

sendo que o mesmo
ou não
podem gerar angústia.

e que repetir é re-la-ti-va-men-te fácil,
mas não é certeza.

de nada.

<poema do livro tremores nômades e fortes (2019)> ∞

Nota · 25/10/2017 · por Natália Menhem · Link permanente · Nenhum comentário em incêndio II

incêndio

mesmo que tudo se apazigue
internamente
(e isso não seja a morte)

ainda assim
acredito que seja passageiro
e ensine o valor do desassossego

movimento gera atrito
atrito incendeia faíscas
mesmo as mais brandas

o incêndio arrasa
devasta
abre espaço

e as cinzas podem
ser férteis

tem algo de sedutor no fogo:
chamas descontroladas
cores intangíveis
formas em movimento
sempre em movimento

como a gente,
que se engana
achando
que o movimento parou
em algum momento.

 

<poema do livro tremores nômades e fortes (2019)> ∞

Nota · 22/10/2017 · por Natália Menhem · Link permanente · Nenhum comentário em incêndio

contraditórias

09/10/2016 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em contraditórias

nem todas as palavras são charmosas
nem todos os sentimentos são bonitos
versos podem ser contraditórios
sentimentos podem ser angustiantes
a palavra mais bonita significa mil e uma coisas diferentes 
o amor pode significar liberdade ou prisão,
utopia ou realidade.

poesias nem sempre fazem sentido, mesmo quando são entendidas. o trabalho de pôr complexidades e sentimentos em palavras é impreciso e imprevisível.

quantas poesias não estão ainda silenciadas, esperando a hora de fazerem sentido ou de pertencerem a algum tempo?

quantas já nasceram e não foram percebidas?

poesiar é compreender os versos que habitam a realidade
tropeçar em angústias comuns
enxergar medos paralisantes
acreditar que todo potencial vale o esforço, quaisquer que sejam, um e outro.

nem todas as palavras são charmosas
nem todos os sentimentos são bonitos
mas sempre se pode aprender com os que nos põem em conflito
com os que explicitam tudo de feio e tudo de belo que há – na mesma coisa, ao mesmo tempo.

admirável mundo velho

22/02/2016 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em admirável mundo velho

image

ande pela avenida de prédios executivos de sua cidade ali pelo horário de chegada de trabalhadores.
pare um pouco e observe, e acomode-se com gentileza, pois esse horário pode variar aí, das 07h às 10h, depende do uniforme de quem chega.

se puder, faça esse experimento na av. paulista, em são paulo. chegam bandos, tão numerosos e concomitantes, que parecem ter surgido do nada.

note os uniformes cinzas e beges da primeira leva, note os ternos e sapatos sociais da segunda.

não faça nada, caso não queira fazer nada. só observe. Aldous Huxley ficaria embasbacado. essencialmente, repugnaria a falta de liberdade criativa das pessoas e a adaptação ao inadaptável (ou já estariam, todas aquelas pessoas, devidamente munidas de suas parcelas de soma?). distopicamente, não deixaria de ser um orgulho. o quê, no frigir dos ovos, de pouco vale diante da realidade.

sentido

22/02/2016 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em sentido

seres que pulsam
podem também dançar
na tessitura de algo
que faça e seja sentido.

O show tem que continuar

22/12/2015 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em O show tem que continuar

E porque muitas poesias já estão por aí, nos circulando e nos permeando em nossas entranhas, hoje é dia dessa poesia, que é uma das canções mais bonitas que conheço. E vice-versa. Por Luiz Carlos da Vida, na voz de Arlindo Cruz, ´tem que continuar!

(Luiz Carlos da Vila, interpretado por Arlindo Cruz)

O teu choro já não toca meu bandolim
Diz que minha voz sufoca teu violão
Afrouxaram-se as cordas e assim desafina
Que pobre das rimas da nossa canção
Hoje somos folha morta
Metais em surdina
Fechada a cortina
Vazio o salão

Se os duetos não se encontram mais
E os solos perderam a emoção
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão

Se a gente nota
Que uma só nota
Já nos esgota
O show perde a razão

Mas iremos achar o tom
Um acorde com lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar

Se os duetos não se encontram mais
E os solos perderam a emoção
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão

Se a gente nota
Que uma só nota
Já nos esgota
O show perde a razão

Mas iremos achar o tom
Um acorde com lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar

Nós iremos até Paris
Arrasar no Olímpia
O show tem que continuar

Olha o povo pedindo bis
Os ingressos vão se esgotar
O show tem que continuar

Todo mundo que hoje diz “Acabou”
Vai se admirar
O show tem que continuar

des-encontros

des-encontros

03/08/2015 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em des-encontros

 
podia encontrá-la ali na esquina. ao balcão, enquanto servem-se cafés e pães na chapa. o balcão está repleto de farelos e gotas de leite, gotas claras e outras mais escuras, já tingidas de café, mas ainda assim ela poderia estar por ali.

seguindo a rua, sabia que ela também poderia estar passando por ali. temia que não a encontrasse por um milésimo de segundo, aquele mesmo em que um cachorro lhe trançasse as pernas, um vizinho lhe cumprimentasse e tchum, era o tempo dela ter passado do lado de lá.
sabendo disso, parou atenta à portaria do prédio, antes de entrar, sem ir para lugar algum – apenas esperando. não queria perdê-la, não queria perdê-la.
viu um rato sair correndo de uma garagem, ali, a dez metros de distância, e vrum – um carro veio. soltou um grito, o porteiro se assustou. era um rato, Zé. um rato? é. saiu daqui? não, dali da frente. tá mortinho ali no chão. 

um rato… enquanto pensava nela que estava por vir se deixou levar em pensamento pela morte súbita de um rato. quantos atravessarão a rua achando que pra eles vai dar tempo de chegar do outro lado da rua? e quantos encontros se desviarão pelo inesperado?

se deu conta que se ela não fosse paciente para esperar pelos encontros inesperados que a desviavam o caminho, talvez nunca mais se encontrassem. 

e continuou correndo para terminar os desvios de caminho antes que fosse tarde, sem entender que ela a sempre a esperou, nem cedo nem tarde, embaixo das curvas de cada novo descaminho.

 porque a poesia nunca dorme nem se esconde. nem em tempos sombrios. no caos e na ordem, na correria desenfreada, na paz divina.

 – a poesia é onipresente. basta ouvido para senti-la.


  

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