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Mirada Poética

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nuvens

se tudo der certo

se tudo der certo

19/03/2018 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em se tudo der certo

se tudo der certo,
a essa hora estarei indo dormir
depois de me nutrir de poesia
escrita e observada,
vivida.

se tudo der certo,
deixaremos o corpo falar mais
que as razões que lhe atribuímos.

será o que tem que ser
e entenderemos isso,
sem precisar entender tudo.

relutaremos:
contra o sono,
contra o tédio,
contra as razões.

até entender
o que os sentidos já haviam dito
e teimamos em esquecer,
esconder…

se tudo der certo,
reconheceremos o que teimamos esquecer,
antes tarde que mais tarde,
no tempo que for…

sem fugir da dor
que o inacabado deixa,
até entendermos
que o inacabado valeu o processo,
e era mesmo o fim
do que tinha que ser.

explicar o inexplicável,
aceitar que o amor segue conosco
(nem sempre tem a chance de ser escrito a várias mãos)

duas já bastam
pra dar forma
e sentido
ao intangível.

em tudo dando certo
nos entenderemos,
perto ou longe,
nos movimentos
que a vida traz.

tempestade

14/03/2018 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em tempestade
http://miradapoetica.com.br/wp-content/uploads/2018/03/IMG_2522.mov.mp4

tempestade

está tudo bem!
me convenço,
logo ali quando veio o medo.

pode tudo chacoalhar?
como se alguma vez tivesse sido imóvel
como se fosse possível tudo chacoalhar

desacreditei
da minha serenidade
mesmo que fosse fresca
mesmo chegando após o pânico

hesitei
diante do êxito
exitei
diante da hesitação
temi o medo
tive medo de mim

respirei.
suspirei.
inspirei.

a sensação de falta de ar
é, às vezes, excesso.

soprei pra longe
as nuvens
sob as quais devia ter me banhado

porque temer a tempestade
se ela também passará?

 

<poema do livro Tremores Nômades e Fortes (2019)>

mirada poética

28/01/2015 · por Natália Menhem · Nenhum comentário em mirada poética

tem gente que olha pras nuvens e vê um elefante.
um elefante roxo.
outros vêem, no céu, apenas escorpião, sagitário,
três marias e cruzeiro do sul.
alguns têm cofres,
outros um hipopótamo chamado filomeno.
a vida pode ser sonho,
feito diria calderón de la barca.
a vida pode ser dura.
pode ser nada.
pode não ter sentido nenhum.
e pode ser sentida poeticamente.
muito sentida.

há muita poesia no ar.
há muita poesia pra ser vista
– catada no chão
– no fundo de um tanque cheio de roupas coloridas de molho
(roupas desbotadas)
– embaixo do sapato que se calça todas as manhãs.

há muita poesia pra ser sentida.
ser fungada
espirada
inspirada
espirrada.

pra voar no ar,
(como pólen)
só que invisível e
sem causar alergia.

o mundo sentido com mais poesia
pode ser miragem
pura ilusão

ilusão necessária
pura necessidade
precisão pura
de mais imprecisões.

compartilho aqui
miragens minhas
– quando acontece d’eu ter a sorte
de respirar uma lufada de ar poético
(que é sempre um ar fresco)
pra modo de entender melhor
essa grande miragem
em que mundamos.

fique à vontade. nuvem agua

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