se encontra num som,
um reflexo que ecoa lá dentro.
há sentimentos de todas
há sentimentos de cada uma
nem sempre se sabe o que de fato ecoa em quem – nem porquê.
o que é de cada,
o que reverbera apenas por encontrar paredes para o eco,
o que reverbera porque há harmonia entre as partes – que é quando um acorde perfeito se faz,
o que é de cada e do todo, e reverbera sem saber de onde partiu e onde se encerra – que é quando os acordes perfeitos se transformam na composição perfeita.
entenda o que é seu nessa estrada,
pois viajantes que querem levar tudo
não conseguem sair do ponto de partida
– nunca!
entenda o que é seu hoje,
pois amanhã pode já não ser
e o dia de ser aquilo (ou ser daquilo)
terá passado – até não se sabe quando
e ter saudades do que não foi, dói.
quase igual arrependimento do que não se fez,
mesmo que aquela não fosse a hora de se fazer, dói.
é como ter saudades do que não foi
– mas poderia ter sido.
viver com o “poderia ter sido” atormenta,
no exato instante em que deixa de ser potencial e vira promessa não realizada.
Olha ao redor
Olha pra dentro
Olha ao redor
Olha pra dentro
se encontra num som
um reflexo que ecoa lá dentro.
há sentimentos de todas
há sentimentos de cada uma
nem sempre se sabe o que de fato ecoa em quem – nem porquê.
entenda o que é seu
e entenda que o que é seu pode ser também de outras pessoas
para um acorde perfeito se fazer, é preciso haver harmonia entre as partes.
quando se reverbera sem saber de onde partiu e onde se encerra é quando os acordes perfeitos se transformam na composição perfeita.
entenda o que não é seu
pois quem já tem o prato cheio
não tem espaço para provar nada
– nem a nova melhor comida do mundo nem a mais fresca das inspirações.
Olha ao redor
Olha pra dentro
Olha ao redor
Olha pra dentro
nada está pronto
nem seu eu
nem o nosso todo
nem o todo delas
o que é meu
o que é seu
o que é nosso
serve saber para nos reconstruirmos
para jogar o resto fora
ou transformar em algo novo.
sabendo o que se pode jogar fora daquilo que é seu, sabe-se o que é preciso que fique
– ou o você não há.
sabendo o que é preciso ficar daquilo que é seu, sabe-se o que pode ir para esvaziar os pratos, os baldes e as malas.
para que haja espaço para o que está por vir – e ainda nem se sabe.
Olha ao redor
Olha pra dentro
Olha ao redor
Olha pra dentro.
há vida e movimento:
há possibilidades.